Resenha: Eu Sou Malala - Malala Yousafzai com Christina Lamb

Olá queridxs ! Depois de um bom tempinho, estou de volta ♥ Andei um pouco ocupada nos últimos dias com a leitura de um livro muito bom de psicanálise, logo que minha análise crítica for corrigida eu vou postar aqui ! Para quem se interessa por psicologia infantil, psicanálise e especialmente psicanálise com bebês, eu indico o livro Corpos que Gritam.

Hoje vou fazer uma resenha breve sobre a biografia da Malala Yousafzai e o que eu mais gostei no livro. Eu sou um pouco suspeita para escrever sobre biografias, em especial biografias de pessoas de outras culturas, pois não é segredo que eu sou completamente apaixonada pelo gênero ! Então vamos lá...



Ok, para quem nunca ouviu falar da Malala, ela é uma menina Paquistanesa que foi baleada pelo Talibã quando tinha apenas 14 anos por conta de seu forte ativismo. Malala juntamente com seu pai se tornaram ícones da defesa à educação, em especial do direito de educação para meninas no oriente médio.

Malala como uma menina tão estudiosa não poderia deixar de fora de sua biografia detalhes importantes da história do seu país e do lugar onde vivia, o vale do Swat. O livro é recheado de informações sobre a história política do Paquistão e Malala conta detalhadamente como cada momento histórico foi determinante para a situação atual do país, sempre fazendo comentários bem críticos sobre os acontecimentos, que muitas vezes são chocantes e muito tristes, outras vezes extremamente interessantes e ricos culturalmente. Fiquei tocada com os relatos cheios de emoção sobre a destruição de patrimônios culturais pelo Talibã.

                


Algo que eu achei muito interessante na história de Malala foi a quebra alguns tabus acerca de como julgamos o que nos é culturalmente distante. Durante todo o livro, ela coloca bem claramente que ama seu país apesar de tanta violência ter se instalado ali e lamenta muito atualmente estar longe de casa, Malala também coloca suas crenças religiosas muito concretamente, afirmando várias vezes que o que a assusta é a maneira como o Talibã distorce o Islamismo e torna-o sinônimo de violência e intolerância. 


"Eu não conseguia entender o que o Talibã tentava fazer. "Eles estão caluniando nossa religião", falei em entrevistas. "Como você vai aceitar o Islã se eu apontar uma arma para sua cabeça e afirmar que o Islã é a verdadeira religião? Se eles querem que todas as pessoas do mundo sejam mulçumanas, por que primeiro não se mostram bons mulçumanos?"".
Eu sou Malala, pgn 159.

Achei também muito interessante a transcrição das palavras de um amigo do pai de Malala, e apesar de serem dois contextos políticos, religiosos e sociais totalmente diferentes, não pude deixar de refletir acerca da semelhança de comportamentos entre o Talibã enquanto líderes políticos e os líderes políticos de países como o Brasil, em que a população é vítima de uma corrupção cada vez mais profunda.

"[...] É assim que esses militantes agem. Querem ganhar os corações e as mentes do povo. Por isso, primeiro analisam os problemas locais e atacam os responsáveis por eles. Deste modo conseguem o apoio da maioria silenciosa. Foi o que fizeram no Waziristão (o talibã), onde perseguiram bandidos e sequestradores. Depois, quando tomaram o poder, comportaram-se como os criminosos que um dia caçaram."
Eu sou Malala, pgn 125.


Malala enquanto ativista se tornou uma forte representante feminista no mundo todo. Aqui é importante lembrar o que é o feminismo e como este movimento se revela em diferentes culturas, em diferentes lugares do mundo: nenhum movimento social advém de uma forma de bolo com ideias e atitudes limitadas, imutáveis e pré definidas, porém mantem-se o cerne da causa, que no caso é a equivalência de direitos entre os gêneros com foco na minoria psicológica que é o sexo feminino, em especial em países como o de Malala. Ela coloca isso de uma forma muito interessante, mais uma vez quebrando tabus de sua religião no seguinte trecho:

"[...]Significa que queremos tomar decisões por conta própria. Queremos ser livres para ir à escola ou para ir trabalhar. Não há nenhum trecho no Corão que obrigue a mulher a depender do homem. Nenhuma mensagem dos céus estabeleceu que toda mulher deve ouvir um homem."
Eu sou Malala, pgn 230.

A história de Malala é realmente maravilhosa, ler sobre uma menina tão corajosa para sua idade, que defendeu o que acreditava e não se arrependeu de sua postura crítica e ativista mesmo após sofrer um atentado e quase morrer. Não quero me estender no post para que não fique muito grande (estou trabalhando isso, sintetizar minhas ideias aqui hihihi) e isso vai ser vantajoso até mesmo pelo fato de que assim espero despertar mais ainda a curiosidade dos meus leitores, e que venham a ler a biografia dessa menina incrível. Se eu fosse pontuar aqui tudo que eu gostei, o post iria virar outro livro, pois realmente neste livro eu marquei muitas passagens. Inclusive quero deixar aqui essa dica que aprendi com a minha querida ex professora de psicanálise, Alba Dezan: Marque seus livros com post-it's, assim você vai aliviar a vontade horrível de rabiscar ou marcar cada parte/página que te encantou no livro. O resultado de Eu sou Malala  para mim foi esse:



Para finalizar esse post, coloco que a biografia de Malala não poderia ser mais feliz em seu objetivo, é de fato uma biografia (apesar do enfoque em seu ativismo e no atentado que sofreu), que trata de sua vida desde antes de seu nascimento (conta um pouco sobre a história de seus pais, o casamento e a gravidez de sua mãe) até sua atual rotina, em Birmingham (Inglaterra) onde estuda e vive bem com sua família, apesar de todos sentirem muita falta do Paquistão. Por fim, deixo uma frase muito pessoal de Malala que resume um pouco o trabalho maravilhoso dessa menina que desde tão pequena exerceu um papel tão grande não somente em seu país, mas como exemplo no mundo todo.

"Não quero ser lembrada como "a menina que foi baleada pelo Talibã" mas como "a menina que lutou pela educação". Esta é a causa para a qual estou dedicando minha vida."
Eu sou Malala, pgn 323.


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