Psicologia Comportamental: O Reflexo Inato.




Para se estudar psicologia comportamental, primeiramente deve-se compreender o que é o reflexo, que pode ser inato ou aprendido. Nesse post vou falar sobre o reflexo inato.
Pois bem, reflexos inatos são respostas que nossos corpos emitem a depender do estímulo no ambiente, isso quer dizer que o estímulo é uma mudança no ambiente e a resposta é uma mudança no organismo, lembrando que a resposta (ou comportamento reflexo) é inato, ou seja: nasceu com nós. Um exemplo de comportamento reflexo inato:

Ao pisar em um objeto pontiagudo (estímulo no ambiente), você rapidamente tira o pé (resposta no organismo) e verifica o que lhe feriu.

Pelo exemplo já dá para imaginar o quanto os comportamentos reflexos inatos são importantes para a sobrevivência humana. Imagine só se tivéssemos que aprender cada resposta básica para interagirmos com o ambiente ? Provavelmente não sobreviveríamos. Teríamos por exemplo, que aprender a mamar e a reagir à dor evitando-a, ambos comportamentos reflexos inatos.

Algo que eu gosto bastante na psicologia comportamental e é citado no livro base para este post é a semelhança que tem com ciências como a física no sentido de simbolizar o que está sendo estudado. Como o reflexo inato se refere às relações entre estímulo e resposta, é representada essa relação da seguinte forma:


Onde S é o estímulo ambiental e R é a reposta emitida. 


O estímulo e a reposta podem ser medidos. O estímulo se mede por sua intensidade e a reposta por sua magnitude, e essas medidas são diretamente proporcionais, ou seja: quanto maior a intensidade do estímulo, maior a magnitude da resposta. Por exemplo, quanto mais  Essa é a lei da intensidade-magnitude

Para que o estímulo seja sentido e haja uma resposta, existe uma intensidade mínima, chamada de limiar. É importante ressaltar que o valor do limiar é individual, o que explica, por exemplo, porque determinadas pessoas reagem melhor à dor, além de outros fatores que influenciam na resposta de determinados estímulos, como o peso da pessoa, altura, idade, etc. Um choque de 10 volts elicia respostas diferentes para um adulto e uma criança, por exemplo. Portanto, o limiar não é um valor definido. Essa é a lei do limiar.

Também é medido o intervalo entre o estímulo e a resposta. Quanto maior a intensidade do estímulo, menor o tempo para a resposta ocorrer. Por exemplo, quanto mais quente estiver o forno, mais rápido você irá soltar a travessa ao tentar tira-la de lá sem luvas, sentindo dor. 
Quanto maior a intensidade do estímulo, maior será também o tempo de duração da resposta. São medidas diretamente proporcionais. Usando o mesmo exemplo, aqui podemos dizer que quando mais quente estiver o forno, você passará mais tempo com a mão doendo ao se queimar. Essa é a lei da latência.

Quando somos expostos a determinado estímulo sucessivamente, tendemos a "acostumar" com ele. Por exemplo, quando outras pessoas percebem o cheiro do perfume que usamos e nós não estamos mais sentindo. As vezes até pensamos que o cheiro tinha acabado, mas apenas nos habituamos com aquele estímulo e não emitimos mais determinada resposta. Chamamos esse fenômeno de habituação.
Porém, podem haver exceções, onde a exposição repetitiva do organismo ao estímulo aumenta a magnitude da resposta ao invés de diminuí-la. Um exemplo é quando o vizinho coloca repetidas vezes uma mesma música e com o tempo vai ficando mais e mais irritante escutar aquilo. Chamamos esse fenômeno de potenciação.



Será que a culpa é dela mesmo, Roberto ? Porque seu coração dispara, Adriana ? 
Muitas emoções que sentimos (medo, raiva, alegria, desespero) são respostas reflexas à estímulos ambientais. E é por isso mesmo que é tão difícil simplesmente controlar certas emoções e as reações que nos causam. As emoções também fazem parte de nosso repertório de comportamentos reflexos inatos, pois também são importantes para a sobrevivência. Por exemplo, o medo nos causa reações de luta e fuga, o que é adequado para o momento: Uma moça que andava tranquilamente pela rua, ao ouvir um enorme estrondo como o de uma bomba explodindo, fugiu do local que lhe era ameaçador, o que lhe polpou de se machucar com os estilhaços que se espalharam.

As emoções serem respostas reflexas à estímulos ambientais mostram que nenhuma emoção vem do nada, que mesmo que a causa não esteja explícita, ela existe. O trabalho do psicólogo analista comportamental é importantíssimo aqui, pois é por meio da investigação que se descobre por exemplo, a razão de crises de ansiedade e depressão, e assim na terapia possa ser trabalhado o sofrimento do paciente a fim de melhorar sua qualidade de vida.
Aqui é importante ressaltar que doenças como depressão e síndrome do pânico não são "frescura", não são tão simples de se compreender e trabalhar, solucionando-as, como infelizmente muitas pessoas ainda pensam. 
Como nos exemplos das músicas, chamamos esse fenômeno comportamental de emparelhamento, que eu irei explicar melhor em outro post, mas já adiantando, se trata de "relacionar" estímulos, por exemplo: cheiro / pessoa.


Espero que tenham gostado e comentem :)

O livro que tenho usado para elaborar meus posts e estudar análise comportamental é:

Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros, ambos autores são professores de universidades aqui em Brasília.


Um comentário: